O Programa Quelônios do Rio Trombetas estimula a conservação da biodiversidade e conta com o apoio da MRN e comunitários voluntários..
A Praia do Capitari, no Lago Erepecú, em Oriximiná (PA), foi palco de um momento emocionante na última semana: a soltura de cerca de 3 mil filhotes de quelônios na natureza. A iniciativa faz parte do Programa Quelônios do Rio Trombetas (PQT), coordenado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a Mineração Rio do Norte (MRN), Instituto Ipê e comunidades quilombolas do Alto Trombetas. O evento simbólico marca o retorno dos filhotes às águas após meses de cuidado e proteção. Desde a coleta dos ovos nas praias de desova até a soltura dos animais, o PQT acompanha de perto o ciclo de vida dos quelônios, garantindo a perpetuação das espécies na região.
A iniciativa é desenvolvida ao longo de todo o ano e conta com a participação de famílias de comunidades locais, que atuam como voluntários na proteção dos ninhos, na coleta dos ovos e na soltura dos filhotes. Essa participação é fundamental para o sucesso do programa, pois garante a integração da comunidade às ações de preservação ambiental.
Entre os participantes está Raimundo Dias Barbosa, de 77 anos, que é voluntário desde o começo da iniciativa e acompanha de perto a evolução do programa. “Esse projeto foi criado em 2003, no Lago Erepecú. Começamos com a soltura de 3 mil a 4 mil quelônios e, no ano passado, mesmo ainda não fechando os dados, sei que foram cerca de 35 mil tracajás soltos. Antigamente, não tínhamos tantos tracajás como temos hoje e a desova a cada ano sobe. Essa é uma razão de estar todo ano ajudando e beneficiando a nossa comunidade”, afirmou.
Dulcinea de Jesus Barbosa, de 68 anos, também é voluntária do programa e relata sua motivação para participar. “A gente quer ver o bem-estar da comunidade. Aceitamos a proposta de cuidar dos quelônios para ajudar a natureza. Amamos a comunidade e os animais que vivem por lá. Me sinto feliz em cuidar da natureza”, disse.
Mais de 40 anos de compromisso com a preservação.
O PQT atua há mais de 40 anos na região. Criada no início dos anos 80 para conservar a maior área de reprodução da tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa), a iniciativa era chamada de “Quelônios Amazônicos”, conduzida na época pelo Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF) e, posteriormente, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). O programa contribuiu para manter a sobrevivência dessa espécie de quelônio aquático na Reserva Biológica do Rio Trombetas (Rebio Trombetas), criada em 1979 para reforçar este trabalho de conservação.
Entre os anos de 2003 e 2004, o trabalho precisou ser ampliado e passou a ser chamado de Programa Quelônios do Rio Trombetas (PQT), recebendo importante apoio da MRN,
além de contar com a presença de voluntários, formados por moradores locais, que também atuam na conservação de três espécies de quelônios aquáticos nas regiões do Alto Rio Trombetas e Lago Erepecú: tartaruga-da-amazônia, tracajá (Podocnemis unifilis) e pitiú (Podocnemis sextuberculata). Por meio de ações de manejo, monitoramento e proteção, o PQT contribui para a preservação da fauna local e para o desenvolvimento sustentável da região. A partir de 2007, o PQT passou a ser desenvolvido pelo ICMBio, órgão do MMA responsável pela gestão das Unidades de Conservação Federais, mantendo a parceria com a MRN.
O chefe do Núcleo de Gestão Integrada (NGI) do ICMBio Trombetas, Misael Freitas dos Santos, ressalta a importância desta atividade para o equilíbrio ambiental da região. “Sem a existência do PQT, certamente a tartaruga-da-amazônia estaria extinta no rio Trombetas e outras espécies, como tracajá e pitiú, se encontrariam no mesmo processo de intenso declínio populacional. Essas espécies no passado já foram consideradas como ‘vulneráveis’ e, atualmente, se encontram na categoria ‘quase ameaçado’”, afirmou.
Parceria fundamental para o sucesso do programa.
Misael destacou, ainda, a parceria com a MRN para a garantia da execução do programa. “Apenas o ICMBio não seria capaz de manter as atividades que fazemos hoje. A MRN contribui com as cestas básicas que são doadas para as famílias voluntárias durante os cinco meses da temporada. Além disso, a empresa apoia com materiais para busca e coleta de ninhos e também para abrigo nas praias”, completou.
A MRN aprovisiona recursos financeiros prevendo a aquisição de cestas básicas, materiais e apoio logístico para as atividades do PQT, além de sensibilizar as comunidades locais sobre a importância da preservação dos quelônios. “É com grande orgulho que a MRN participa desse projeto como forma de garantir a preservação das espécies e o desenvolvimento sustentável da região. A forma que a gente tem de contribuir com a preservação ambiental e o desenvolvimento sustentável é mantendo essa parceria junto com o órgão e as comunidades, se empenhando nessa campanha de sensibilização junto com os moradores”, destaca Genilda Cunha, analista de Relações Comunitárias da MRN.
Mineração Rio do Norte –www.mrn.com.br