O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez declarações polêmicas sobre a situação na Faixa de Gaza na terça-feira (4). O chefe de Estado afirmou que os EUA assumiriam o controle do território palestino.
As declarações, feitas após uma reunião com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, geraram controvérsia e críticas internacionais.
Segundo o analista sênior de Internacional da CNN, Américo Martins, a proposta de Trump pode ser considerada “polêmica e muito provocativa”.
Américo destaca que os Estados Unidos não têm mandato internacional para realizar tal ação no território palestino, e que a proposta enfrenta sérios obstáculos práticos e legais.
Riscos de desestabilização regional
A sugestão de Trump de remover forçadamente os palestinos de Gaza e realocá-los na Jordânia e no Egito é vista como impraticável e potencialmente desestabilizadora para os regimes desses países.
Além disso, tal ação poderia ser interpretada como uma limpeza étnica, violando o direito internacional.
Américo ressalta: “O que é a limpeza étnica? É quando você força uma população inteira a deixar um determinado território para ocupação de outras pessoas”.
Ele também observa que a proposta de Trump de transformar Gaza em uma “Riviera do Oriente Médio” reflete sua experiência em especulação imobiliária.
Reações internacionais e implicações políticas
Vários países da região, incluindo Egito e Jordânia, já protestaram contra a proposta, vendo-a como uma ameaça aos seus próprios regimes.
A Autoridade Palestina afirma que os palestinos não desejam deixar seu território, e o Hamas condenou a ideia como uma “fantasia”.
A declaração de Trump também se afasta significativamente das políticas anteriores dos EUA, tanto de democratas quanto de republicanos, que apoiavam a criação de um estado palestino coexistindo pacificamente com Israel.
O ex-presidente expressou desinteresse nessa solução de dois estados, que muitos analistas consideram a melhor opção para resolver os conflitos na região.
Impacto nas negociações de cessar-fogo
As declarações de Trump e Netanyahu podem complicar as negociações em curso para a segunda fase do acordo de cessar-fogo em Gaza.
Américo avalia que essas propostas serão interpretadas pelo Hamas como uma provocação, potencialmente prejudicando os esforços diplomáticos.
Internamente em Israel, no entanto, as declarações podem fortalecer a posição política de Netanyahu, especialmente entre seus aliados mais à direita.
Isso ocorre num momento crítico, quando o primeiro-ministro israelense busca negociar a libertação dos reféns ainda mantidos em Gaza.