O presidente americano, Donald Trump, conseguiu uma rara unanimidade com a ideia de tomar a Faixa de Gaza e mandar para outro lugar os mais de dois milhões de pessoas que vivem ali.
Países amigos e adversários declarados, do Norte e do Sul, Leste e Oeste, acharam a proposta no mínimo inexequível — ou simplesmente absurda. E totalmente ilegal do ponto de vista do direito internacional.
Mas o ponto é outro. Absurdo ou não aquilo que diz Trump, ele preside a maior potência militar e ainda a maior potência econômica do planeta.
E o que deixou claro em duas semanas na Casa Branca é que pretende, sim, destruir a ordem internacional que os Estados Unidos fundaram e lideraram durante uns 70 anos.
Ou seja, ele não quer corrigir distorções na balança comercial. A guerra protecionista é usada para objetivos políticos de outra dimensão, como imigração ou tráfico de drogas.
Da mesma maneira, é importante notar que Trump não está simplesmente fazendo uso de táticas de negociação, tipo pondo um bode na sala para depois extrair concessões de aliados e inimigos.
O presidente americano parece convencido de que a lei da selva, onde mandam os fortes e sofrem os mais fracos, é o tipo de situação que favorece os Estados Unidos.
Isso não chega a ser uma grande novidade nas relações internacionais — e nem em condutas do próprio país que hoje Trump governa pela segunda vez.
O que mais surpreende não é Trump pensar nos Estados Unidos em primeiro lugar. É assumir que dane-se o resto.