Estado Islâmico motivou suspeitos de ataque na Austrália, diz polícia

A dupla de pai e filho suspeita de realizar um massacre na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália, no domingo (14), durante a comemoração judaica do Hanukkah, foi “motivada pela ideologia do Estado Islâmico”, disse a polícia.

Autoridades filipinas confirmaram que os dois viajaram recentemente para uma região do país que há muito tempo é um foco de extremismo.

Os dois homens são Sajid Akram, de 50 anos, que foi morto em uma troca de tiros com a polícia; e o filho dele, Naveed Akram, de 24 anos, que está sob custódia no hospital e deve enfrentar acusações.

Autoridades antiterroristas australianas acreditam que a dupla passou por treinamento militar enquanto estava no sul das Filipinas no mês passado, informou a emissora pública ABC nesta terça-feira (16).

Duas bandeiras caseiras do Estado Islâmico foram encontradas em um veículo registrado em nome do suspeito mais jovem, que já havia sido avaliado pela agência de segurança interna do país e considerado sem risco, informou a polícia.

As autoridades afirmam que os atiradores alvejaram judeus australianos que celebravam a primeira noite do festival de Hanukkah. O ataque, que matou 15 pessoas, é o pior massacre a tiros no país em quase 30 anos.

Até o momento, não há evidências que sugiram o envolvimento de outras pessoas, continuou a polícia.

Quais foram as motivações?

O ataque parece ter sido inspirado pela ideologia extremista do Estado Islâmico, segundo o primeiro-ministro australiano Anthony Albanese.

A polícia do estado Nova Gales do Sul afirmou nesta terça-feira (16) que o veículo registrado em nome do suspeito mais jovem continha artefatos explosivos improvisados ​​e duas bandeiras caseiras do Estado Islâmico.

Albanese declarou que a presença das bandeiras demonstra que a “perversão radical do Islã é um problema grave” tanto no país quanto no mundo todo.

As autoridades acreditam que os dois homens “não faziam parte de uma célula maior”, o que os ajudou a evitar a detecção, disse o premiê à emissora pública ABC.

Mas o suspeito mais jovem já era conhecido pelos serviços de segurança federais.

O filho foi investigado durante seis meses pela ASIO (Organização Australiana de Inteligência de Segurança na sigla em inglês) em 2019 “devido às suas ligações com duas pessoas que posteriormente… foram presas”, disse Albanese.

Mas essa investigação concluiu que “não havia provas” de que ele tivesse sido radicalizado.

O jovem de 24 anos não foi submetido a monitoramento contínuo após o término da investigação, mas as autoridades agora estão investigando “se ele sofreu maior radicalização posteriormente”, continuou Albanese.

O pai, que possuía porte de arma, foi entrevistado como parte da investigação de 2019, mas também não apresentou “nenhum indício de radicalização”, acrescentou o premiê.

Ele disse não saber se as autoridades questionaram o pai sobre a posse de armas na época.

Uma pessoa deixa o local com seu filho, que está coberto por um cobertor térmico, após um tiroteio na praia de Bondi, em 14 de dezembro de 2025, em Sydney, Austrália • George Chan/Getty Images

“O antissemitismo, é claro, existe há muito tempo — esse é o ponto. O Estado Islâmico é uma ideologia que, tragicamente, na última década, particularmente desde 2015, levou à radicalização de algumas pessoas a essa posição extrema, e é uma ação odiosa”, expressou o primeiro-ministro.

Um sacerdote que dava aulas de Alcorão a Naveed Akram disse à CNN que o jovem de 24 anos procurou o Instituto Al Murad em 2019 para ter aulas de recitação do Alcorão e língua árabe. Ele continuou suas aulas por um ano.

“Condeno este ato de violência sem qualquer hesitação”, declarou o Sheikh Adam Ismail em uma mensagem de vídeo.

“Nem todos que recitam o Alcorão o compreendem ou vivem de acordo com seus ensinamentos e, infelizmente, parece ser esse o caso aqui”, acrescentou ele.

Viagem para as Filipinas

A polícia está investigando uma viagem que os Akrams fizeram no mês passado às Filipinas, enquanto tenta descobrir como a dupla foi radicalizada.

“Os motivos que os levaram às Filipinas, o propósito da viagem e os lugares que visitaram estão sendo investigados neste momento”, disse Mal Lanyon, comissário de polícia do estado de Nova Gales do Sul, nesta terça-feira (16).

Lanyon afirmou não ter conhecimento de nenhum alerta de segurança acionado durante a viagem da dupla. “Não acredito que tenha sido uma falha de inteligência”, informou ele.

As autoridades filipinas confirmaram à CNN nesta terça-feira que os Akrams chegaram juntos em 1º de novembro de 2025.

Eles indicaram Davao como destino — uma importante cidade na ilha de Mindanao, no sul do país — e deixaram Manila, capital filipina, em 28 de novembro, segundo o Departamento de Imigração e Deportação.

Mindanao, a segunda maior ilha das Filipinas, há muito tempo sofre com o terrorismo e a instabilidade.

O local é o lar de diversos grupos insurgentes islâmicos, incluindo o Abu Sayyaf, responsabilizado por vários ataques contra civis e tropas do governo filipino, bem como pelo sequestro de diversos estrangeiros.

Em 2017, o Abu Sayyaf — juntamente com o grupo Maute, outra organização militante com base em Mindanao — capturou e ocupou Marawi, a maior cidade de maioria muçulmana do país.

A violência forçou mais de 350 mil moradores a fugir da cidade e das áreas circundantes antes que as forças filipinas libertassem a cidade após um sangrento cerco que durou meses.

A ASIO, agência de segurança nacional da Austrália, descreve as Filipinas como um ponto crítico para o ISEA (Estado Islâmico do Leste Asiático), um grupo dissidente do Estado Islâmico, em seu site.

“A ISEA continua sendo uma ameaça terrorista mortal nas Filipinas, sendo o país do Sudeste Asiático um destino frequente para combatentes terroristas estrangeiros”, afirma o site da agência. “Embora não haja ligações conhecidas entre a ISEA e a Austrália, já houve ligações entre australianos e grupos terroristas nas Filipinas.”

Quem são eles?

Acredita-se que os Akrams moravam no subúrbio de Bonnyrigg, na zona oeste de Sydney. Uma casa ligada a eles foi alvo de uma operação policial na segunda-feira (15).

Naveed Akram trabalhava como pedreiro, enquanto Sajid era dono de uma frutaria, segundo relatos da mídia local.

O mais novo, Naveed, nasceu na Austrália, enquanto o pai dele, Sajid, imigrou para o país em 1998, disse o ministro do Interior, Tony Burke, na segunda-feira. O Sr. Akram chegou com visto de estudante e, posteriormente, mudou para um visto de parceiro em 2001.

Nos anos seguintes, ele fez apenas três viagens ao exterior, retornando em todas elas com visto de residente permanente, afirmou Burke.

As autoridades não confirmaram o país de origem de Sajid Akram. Questionado na terça-feira, o primeiro-ministro Anthony Albanese disse que essa informação fazia parte da investigação, portanto, não podia entrar em detalhes.

O Departamento de Imigração das Filipinas confirmou que Sajid Akram viajava com passaporte indiano e seu filho, Naveed, com passaporte australiano.

A CNN entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores da Índia para obter um posicionamento.

Licença para porte de armas

A polícia apreendeu seis armas pertencentes a Sajid Akram, que possuía licença para porte de armas, após os ataques. A

Algumas delas foram encontradas durante buscas em duas propriedades ligadas à dupla — uma na casa em Bonnyrigg e a outra em um Airbnb no subúrbio de Campsie, onde a dupla se hospedou nos dias que antecederam o ataque.

Lanyon afirmou que Sajid Akram “preenchia os critérios de elegibilidade para uma licença de porte de arma” e possuía uma “licença de caça recreativa”.

Existem dois tipos de licenças de caça, explicou Lanyon: a que permite caçar em uma propriedade ou como membro de um clube de caça — ou “clube de tiro” —, que era o tipo de licença que o suspeito possuía.

Nesta terça-feira, Lanyon afirmou que Sajid havia solicitado inicialmente uma licença para porte de armas em 2015, mas seu pedido expirou em 2016 por não ter fornecido a foto exigida.

Ele fez uma segunda solicitação em 2020, e a licença foi emitida em 2023.

“As armas de fogo que apreendemos estavam devidamente vinculadas a essa licença”, explicou ele.

Imagens de Naveed Akram atirando contra a multidão da passarela com vista para a praia de Bondi, verificadas pela CNN, mostraram que ele era proficiente no uso de um rifle de ferrolho, disparando quatro tiros em pouco mais de cinco segundos.

Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br

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