Relembre histórico de acidentes em Alcântara; base existe desde 1983

O foguete sul-coreano, HANBIT-Nano, explodiu após o lançamento na noite de segunda-feira (22), no CLA (Centro de Lançamento de Alcântara), no Maranhão. Empreitada marcou primeiro voo com veículo comercial, em uma parceria inédita entre do Brasil com a iniciativa privada, para missões espaciais.

O CLA também foi cenário da maior tragédia do programa espacial brasileiro, que deixou 21 pessoas mortas em Agosto de 2003.

No dia da tragédia em Alcântara, a equipe se preparava para o lançamento da terceira versão do VLS (Veículo Lançador de Satélite) nacional, quando um incêndio no primeiro estágio do foguete causou a explosão da nave e a morte de 21 pessoas. O Centro de Lançamento de Alcântara foi destruído.

Segundo dados da pesquisa: “História de uma catástrofe anunciada: as tentativas e os fracassos, na ausência de políticas de cooperação, no âmbito do Mercosul”, publicada pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

A maioria das vítimas fazia parte do grupo de especialistas brasileiros, mais da metade eram engenheiros que detinham o conhecimento de todo o processo para o lançamento do VLS, que acabou extinto em 2016.

Para o especialista em astronáutica, Pedro Pallotta, acidentes e explosões em novas iniciativas fazem parte do desenvolvimento das tecnologias espaciais.

“Foguetes são extremamente complexos. Eles têm que lidar com temperaturas muito baixas e muito altas; é um tipo de tecnologia que demora para ser aprimorada. Todo foguete é elaborado por uma empresa que desenvolve o próprio motor. Isso tudo é um desafio enorme de engenharia. Um único motor de um foguete tipo o da Starship [do Elon Musk] é mais potente que o maior avião de passageiros do mundo, o A380, e a Starship tem até 39 motores”, aponta Pallota.

Explosão de foguete da SpaceX colocou aviões em risco, diz jornal

Esses dias aconteceu a perda de um foguete japonês que estava no espaço; não é um caso exclusivo do Brasil. As empresas aprendem com essas falhas. A SpaceX só conseguiu na quarta vez, com um foguete similar a este.

Pedro Pallotta, especialista em Astronáutica

Segundo um relatório do Comando da Aeronáutica divulgado em 2004, a tragédia em Alcântara foi causada por um “acionamento intempestivo” inesperado de uma pequena peça que ligava o motor e causou a explosão.

“Ainda não era nem no lançamento, ali era a preparação do veículo lançador de satélite dentro do prédio de montagem”, diz o senador Astronauta Marcos Pontes (PL). “A gente precisa aprender com os acidentes. Então aquele acidente eu tenho certeza que ele ensinou muita coisa pro próprio instituto”, conclui o senador.

Foguete suborbital sul-coreano foi lançado em 2023 em Alcântara

Outros lançamentos também deram errado

Uma das primeiras tentativas de lançamento de foguetes orbitais pelo Centro de Lançamento de Alcântara ocorreu em 1997. Naquela época houve a tentativa de lançamento do primeiro VLS nacional com um satélite coletor de dados.

A tentativa malsucedida forçou a Agência Espacial Brasileira a lançar o satélite através de um foguete norte-americano em 1998.

No ano seguinte, em 1999, houve uma nova tentativa de lançamento do segundo VLS, com o satélite SACI-2, porém uma falha no segundo estágio do foguete obrigou a equipe a cancelar o lançamento. Desde então, somente agora em 2025, foi tentado mais uma vez, 26 anos depois.

Explosão do foguete sul-coreano

A falha mais recente de um lançamento na Base de Alcantara ocorreu na noite de segunda-feira (22), quando o foguete sul-coreano, HANBIT-Nano, explodiu pouco após ser lançado. 

Segundo a FAB (Força Área Brasileira), após a saída da plataforma, “o veículo iniciou sua trajetória conforme o previsto. No entanto, houve uma anomalia no veículo que o fez colidir com o solo”, diz trecho da nota oficial.

 

História da base de Alcântara

O Centro de Lançamento de Alcântara foi inaugurado em em 1983 em uma uma posição estratégica a apenas dois graus da linha do Equador, o que proporciona uma economia de até 30% no gasto de combustíveis.

A proximidade da região com a linha do Equador permite o aproveitamento da velocidade de rotação da Terra, o que reduz a queima de propelente – substância de alto valor responsável pela propulsão do veículo.

A base fica também em uma área isolada e próxima ao mar, o que evita riscos a populações nativas em casos de acidentes e explosões.

Resistência Quilombola

Para a construção da Base, pelo menos 310 famílias, de 24 povoados, grande parte quilombolas, foram retiradas de suas casas. As comunidades foram impactadas pois viviam da pesca e de recursos naturais da região, segundo o artigo mencionado acima nesta reportagem, escrito pelo pesquisador, Luís Alexandre Carta Winter.

Em 2019, o governo Bolsonaro autoriza o uso da Base de Alcântara para três empresas privadas americanas e uma canadense. A tentativa de permitir o uso da base por empresas estrangeiras ocorreu em 2001, sob o governo de Fernando Henrique Cardoso e em 2016, sob a gestão de Michel Temer, todas essas tentativas tiveram resistência no Congresso Nacional.

*Sob de Thiago Félix 

Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br

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