Em processo de escolha do seu novo indicado ao STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer alguém de sua estrita confiança para evitar desilusões futuras, como aconteceu com o ministro Dias Toffoli.
A mágoa com Toffoli remonta aos tempos da Operação Lava-Jato, quando o ministro impediu o petista, à época preso, de comparecer ao velório do irmão. Na ocasião, o Supremo ainda não havia reconhecido a suspeição do ex-juiz Sergio Moro no caso.
Uma fonte próxima a Lula, que acompanha de perto o processo de sucessão no STF, diz que o presidente quer evitar “novos Toffolis” e encontrar um perfil semelhante ao de Ricardo Lewandowski, atual ministro da Justiça, que integrou a Corte ao longo de 17 anos.
Lewandowski foi o primeiro indicado de Lula ao STF, em 2006. Nos bastidores do Palácio do Planalto e do PT, é comum ouvir que ele foi o único com quem o presidente jamais se decepcionou.
“Vacinado” quanto ao peso das indicações à Corte, Lula quer seguir optando por nomes de pessoas que já tenham demonstrado lealdade, como ocorreu com Cristiano Zanin e Flávio Dino.
Nessa toada, o advogado-geral da União, Jorge Messias, desponta como favorito – não só pela relação antiga de confiança com o PT (foi subchefe para assuntos jurídicos do governo Dilma Rousseff), mas pela postura com a qual lida com as demandas do governo.
Também pesa o fato de Messias ser jovem. Se nomeado ainda em 2025, aos 45 anos, ele poderia ficar no Supremo por três décadas (até 2055), já que a idade limite para a aposentadoria compulsória é de 75.
Além disso, conforme mostrou a CNN, Messias, que é membro da Igreja Batista, poderia ser um trunfo de Lula junto ao eleitorado evangélico – segmento que costuma se identificar mais com a direita do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo aliados de Lula, diversidade de gênero e raça no STF é algo secundário para o presidente neste momento, a despeito dos apelos da militância e da primeira-dama, Rosângela “Janja” da Silva.
Nesta segunda-feira (14), Lula disse a jornalistas que “não quer um amigo” na Corte, mas um ministro que cumpra a Constituição. “Não sei se mulher ou homem, se preto ou branco. Quero uma pessoa que seja antes de tudo gabaritada para ser ministro.”
O novo ministro vai ocupar a vaga do ministro Luís Roberto Barroso, indicado por Dilma em 2013. Ele anunciou a antecipação da aposentadoria na semana passada, por motivos pessoais.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br