Alternativa aos EUA: pescadores apostam em China, Austrália e Oriente Médio

Pescadores brasileiros buscam novos mercados após o tarifaço imposto pelos Estados Unidos barrar o acesso ao principal destino das exportações do setor.

Entre as apostas, estão a China, Austrália e Oriente Médio, diz à CNN Eduardo Lobo, presidente da Abipesca (Associação Brasileira da Indústria de Pescados).

“Seguimos trabalhando com coragem, dormindo e acordando esperando notícias importantes, mas não deixamos de fazer o dever de casa. A gente está sofrendo, mas estamos demitindo pouco, até o momento, pois o empresário é esperançoso de que algo possa acontecer e os pescados possam ser colocados numa lista sem taxação”, pontua.

O presidente da Abipesca contou que o setor acabou de voltar de uma missão no mercado australiano, e que já em outubro tem viagem marcada para uma das maiores feiras de pescados na China. Em janeiro, o setor deve buscar interessados no mercado árabe.

Lobo aponta para a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) como parceira nesta busca por novos mercados.

Desde 2024, a agência e a entidade desenvolvem em conjunto um programa voltado à capacitação, promoção comercial e ações de imagem do setor, o Brazilian Seafood. Em 2025, o projeto tem participação de 17,78% (US$ 25,89 milhões) nas vendas do setor ao exterior.

Recuo de 65%

Com o tarifaço de Donald Trump, as exportações do setor seguem pressionadas, uma vez que dependem quase que integralmente das vendas ao consumidor norte-americano.

À CNN, Lobo estimou que, por efeito da tarifa em vigor desde o começo de agosto, as vendas totais dos pescadores devem recuar 65% em setembro na comparação com o mesmo período de 2024.

O presidente da Abipesca relata que, enquanto as empresas do setor aguardam a efetivação de fato das compras governamentais e das linhas de crédito propostas no plano Brasil Soberano, que propôs medidas de socorro para mitigar o impacto do tarifaço, “a nossa sensação é de que tudo que podia ser feito nós fizemos”.

“Interagimos com os pares da Abipesca nos Estados Unidos, participamos da audiência pública [sobre a investigação comercial do USTR] onde a gente teve lugar de fala explicando a importância dos pescados do Brasil para o público americano, não demitimos e continuamos a produzir”, elencou.

“Mas a sensação é de que o mais importante que era a negociação entre o Brasil e os Estados Unidos não aconteceu. A nossa sensação é de que a relação comercial do dia que foi anunciado o tarifaço até hoje vem escalando num grau de piora”, pontou.

Além do fechamento do mercado norte-americano pelo fator político, Lobo comentou que o fechamento da União Europeia por conta de questões sanitárias torna “muito difícil para o setor conseguir ficar de pé perdendo, sequencialmente, numa década, os dois maiores mercados no mundo”.

Aceno de Trump a Lula

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), está nos Estados Unidos para a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), sediada em Nova York. Seguindo a tradição da Assembleia, o brasileiro subiu ao palanque antes do anfitrião norte-americano.

Lula disse que atentados à soberania e sanções estão se tornando regra e, em recado a Trump – mas sem citá-lo nominalmente – e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), defendeu o Judiciário brasileiro.

Em seguida, Trump surpreendeu a todos: “Nós [o presidente dos EUA e o do Brasil] não tivemos muito tempo para falar aqui, foram tipo, 20 segundos, mas conversamos, tivemos uma boa conversa e combinamos de nos encontrar na semana que vem, se for do seu interesse. Ele parecia um homem muito legal, na verdade, ele gostava de mim, eu gostava dele. E eu só faço negócios com pessoas de quem gosto. Tivemos ali uma química excelente e isso foi um bom sinal”.

Para Lobo, “é bom” que tenha essa aproximação, mas pondera que “o setor observa com pé atrás”.

Não sabemos o que vai acontecer entre o início da conversa até o fim, pode começar bem e terminar péssima. Então, não adianta nem comemorar e nem criar expectativa, a gente tem que ter tranquilidade, torcer para que haja qualquer tipo de avanço.”

Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br

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