Em disputa judicial pelo controle do futebol do Botafogo, John Textor voltou a falar sobre o futuro da SAF alvinegra.
Em entrevista ao “UOL”, o empresário norte-americano reforçou que o clube está “financeiramente saudável”, mas não descartou a saída do clube carioca da Eagle Holding Football, a rede multiclubes fundada pelo americano.
“Eu diria que as pessoas precisam entender que o Botafogo, como clube, tem tido um bom desempenho financeiro. E nossa receita aumentou de US$ 20 milhões quando começamos isso em 2022 para bem mais de US$ 200 milhões este ano. Talvez fique mais perto de US$ 240 milhões. O fluxo de caixa operacional, o lucro operacional da organização também é muito, muito alto. Mas a briga que as pessoas veem travada nos tribunais era sobre a autorização de novos métodos de entrada de dinheiro. E as pessoas ficaram confusas”, iniciou Textor.
“Meu objetivo é que a Eagle permaneça unida em seu ecossistema atual, porque esse relacionamento multiclubes tem funcionado muito bem para o Botafogo. (…) Temos algumas dificuldades internas dentro do nosso grupo de acionistas devido aos desafios que enfrentamos em diferentes partes do mundo. E, sim, já consideramos um cenário de divórcio, onde eu compraria o Botafogo com os sócios e o tiraria da Eagle, mas também trabalhamos muito em algumas ideias melhores para nos mantermos juntos”, projetou na entrevista.
A “Família Eagle”
Em 2022, a Eagle Holding Football adquiriu 90% das ações da SAF do Botafogo, que passou a fazer parte da “Família Eagle”. Outros clubes faziam parte da rede de clubes do grupo: Crystal Palace-ING, Molenbeek-BEL e Lyon-FRA.
A ideia de John Textor para o grupo era a criação de uma parceria colaborativa, desde troca de dados e processos até transferências de jogadores e adoção do “caixa único” dos clubes.
John Textor fundou a Eagle Football, mas cedeu 40% das ações da holding para levantar recursos para a compra do Lyon, dando como garantia as ações do Botafogo e do Molenbeek.
Disputa está encerrada?
Apesar de John Textor afirmar que a disputa pelo controle da SAF do Botafogo “está acabada”, as partes envolvidas seguem movimentando-se nos bastidores. Recentemente, João Paulo Magalhães Lins, presidente associativo, reuniu-se com dirigentes da Eagle Holding Football, empresa fundada pelo empresário norte-americano.
A aproximação de João Paulo com a Eagle – que rompeu com John Textor neste ano devido aos acontecimentos no Lyon -, demonstra uma mudança na postura do clube associativo, que, apesar de ser dono de 10% das ações da SAF, precisa autorizar mudanças significativas. Até então, o presidente havia manifestado apoio a John Textor.
No dia 29 de setembro, o Conselho Deliberativo do Botafogo teve reunião suspensa após representante da SAF não responder os questionamentos feitos. Além disso, Durcesio Mello, mandatário na época da assinatura da SAF e “braço-direito” de Textor no clube, não compareceu. Assim, a reunião foi adiada para a próxima terça, dia 14 de outubro.
As recusas dos técnicos após a saída de Artur Jorge
A turbulência no Botafogo não limitou-se à parte administrativa. Em 2025, o Glorioso não correspondeu às expectativas após a histórica temporada de 2024. Um dos principais pontos foi a escolha pelo substituto de Artur Jorge no comando do time, em janeiro.
Campeão da Libertadores e do Brasileirão, o técnico deixou o clube para trabalhar no Catar. A definição pelo novo treinador levou mais de 50 dias. Na época, John Textor afirmou que “não havia pressa”. A escolha foi por Renato Paiva, que ficou menos de quatro meses no cargo. Ao “UOL”, o empresário disse que foram várias recusas.
“Não consegui persuadir ninguém sobre o projeto. Um após o outro, Tite, Tata Martino, Rafa Benítez, como você quiser. O primeiro, minha primeira escolha, só porque ele queria muito o cargo, ele aceitou. Ele é o André Jardine, no México, querendo voltar para o Brasil. Bom, aí ele diz, ‘bom, eu nunca quis o emprego’. Isso porque o dono dele (do América) aparece no México, dá um monte de dinheiro e ele diz: ‘Estou bem aqui no México, certo?’. Não consegui ninguém para assumir o cargo”, detalhou John Textor.
Falta de motivação do atual elenco
As mudanças no elenco também foram impactantes, com mais de 20 saídas e chegadas. O elenco campeão foi praticamente todo reformulado.
“Muitos dos jogadores que você ama do ano do título querem sair no ano seguinte. Porque eles dizem: ‘Ei, já fiz o máximo que podia aqui no Brasil, no Botafogo. Estou no fim da minha carreira. Preciso ganhar dinheiro no Catar. Ou estou chegando à minha última oportunidade de ir para a Europa. Minha última chance de ir para a Europa. Preciso ir para a Europa. Dei tudo o que pude pelo Botafogo. Ganhei um campeonato. Preciso cuidar da minha família'”, disse Textor, antes de citar “falta de motivação” do atual elenco.
“E então há uma falta de motivação, uma falta de energia. Como alguns dos mesmos jogadores que ganharam aquele campeonato para nós um ano antes, se você olhar para os números deles correndo, apenas correndo, eles estão correndo a um nível de 85% do que estavam correndo apenas um ano antes, quando ganhamos o campeonato. A motivação de todos caiu”, concluiu.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br