Em visita a Belém, sede da COP 30, padre Júlio Lancelotti defende políticas para pessoas em situação de rua: 'é preciso ouvi-las', diz


Religioso comentou, em entrevista ao g1, sobre número crescente de pessoas vivendo em ambiente cercado pelo consumo de drogas à luz do dia no Complexo Ver-o-Peso – cartão-postal da cidade que vai receber 50 mil pessoas na COP 30, em novembro. Padre Júlio Lancelotti chega a Belém para evento sobre pessoas em situação de rua
Em visita à capital paraense, o padre Júlio Lancelotti comentou sobre o número crescente de pessoas em situação de rua num ambiente cada vez mais cercado pelo consumo de drogas à luz do dia no Complexo Ver-o-Peso – cartão-postal da cidade que vai receber 50 mil pessoas na Conferência Mundial do Clima, a COP 30, em novembro.
Em entrevista ao g1, Lancelotti disse que “é preciso ouvir as pessoas que estão na rua”. Uma assembleia com pessoas em situação de rua está marcada para esta terça-feira (25), dentro de uma programação realizada pela Defensoria Pública do Estado (DPE) para capacitação de defensores públicos na busca da garantia de direitos humanos.
“Eu penso de que nós, em São Paulo, temos um princípio metodológico de muitos anos que foi construído com muita dificuldade, com muita dor, com muita, muitos desafios. E com ele aprendemos que é preciso conviver, por isso que é muito importante essa assembleia em Belém”, ele defendeu.
“Eles vão falar com irreverência, com raiva, com dor, mas também eles são capazes de falar com amor, com dedicação. São pessoas que estão destruídas e lesadas em muitas camadas no emocional”.
Pessoas em situação de rua no centro comercial de Belém, onde há consumo de drogas à luz do dia.
Thiago Gomes/ O Liberal
Padre Júlio Lancellotti é conhecido por atuar na defesa dos direitos da população que vive nas ruas. Com 76 anos, ele é pedagogo e sacerdote católico. Pela manhã, ele visitou a Basílica Santuário de Nazaré, berço de uma maiores expressões católicas do Brasil – Círio de Nazaré, que reúne milhares de pessoas nas ruas de Belém no mês de outubro.
A programação que ele participa em Belém iniciou nesta segunda-feira (24) no auditório da Defensoria, situada no bairro da Campina, e foi voltada somente a servidores, colaboradores e defensores durante a tarde. Padre Júlio compôs a programação em uma das mesas de debates falando sobre o desafio de defender a população em situação de rua.
O fotojornalista, jornalista e escritor João Paulo Guimarães lançou o livro “O Caçador de Trolls”, cuja renda parcial será destinada às obras feitas por Padre Júlio em SP. Na obra ele relata a própria vivência junto do pároco. Já na terça-feira (25), a assembleia está marcada para 9h na Praça da Bandeira.
Padre Júlio pede atenção ao Poder Público sobre as políticas públicas destinadas à população mais vulnerável dentro do contexto das mudanças climáticas, mais especificamente sobre a realização da COP.
“Nós precisamos saber que visão de mundo que eles estão tendo. Alguém está discutindo com eles, a COP? Alguém está perguntando para eles como é que eles vão participar? Que mensagem eles gostariam de dizer para essas 50 mil pessoas? Eles são tão dignos quanto as 50 mil que vão chegar. E eles são tratados como?”
O religioso afirmou que ficou impressionado com a quantidade de pessoas vivendo na rua e que usam tornozeleiras eletrônicas. “Vão espalhar essas pessoas para que ninguém da COP as veja? É um trabalho que já deveria ter começado, não pode ser de improviso, estamos há poucos meses da COP”.
“Respostas imediatas nem sempre dão certo. As respostas tem que ser construídas na convivência. É como um bordado. Você não faz um bordado bonito para dar de presente para as 50 pessoas que vão chegar da noite para o dia. E eu aprendi com a minha avó que a beleza do bordado você vê pelo avesso. Então a gente teria que olhar essa cidade no seu avesso”.
Sobre a situação encontrada no Ver-o-Peso, padre Júlio defendeu que “o maior patrimônio e o maior cartão-postal de uma cidade é o seu povo”. Ele agradeceu o carinho e pediu por orações. “Nenhum de nós pode dizer que sabe fazer e pode fazer tudo. Mas também ninguém pode dizer que não pode fazer nada. Uma delas é não engrossar o couro que desumaniza a vida, mas engrossar o couro que humaniza a vida”.
Responsável pela organização da COP 30, o governo brasileiro tem pensado estratégias para implantar políticas, em parceria com o Governo do Estado e com a Prefeitura de Belém, pensando na população em situação de rua.
De acordo com o secretário Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Bruno Teixeira – ao lado de padre Júlio Lancelotti na programação da DPE – disse que “a ideia é organizar estrutura não só para a COP, mas uma política pública permanente de atendimento”.
“Estamos buscando que essa política seja de fato, a partir da COP, um legado deixado para a população de rua em Belém. São estruturas de moradia cidadã, de pontos de apoio na rua, políticas estruturantes que não visam higienizar o território, mas garantir que essas pessoas tenham garantia de direitos, não só na capital Belém, mas também todo o estado do Pará”, disse, ao g1.
O g1 Pará também solicitou informações à prefeitura de Belém e ao Governo do Pará sobre as políticas de atendimento à população em situação de rua, no contexto da COP 30, mas ainda aguardava resposta até a publicação da reportagem.
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g1.globo.com

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