A um mês do início da COP30, que será realizada em Belém (PA), um estudo inédito revela que mais de 80% dos brasileiros se preocupam com os efeitos das mudanças climáticas em bebês e crianças de 0 a 6 anos, a chamada primeira infância. Os dados são do “Panorama da Primeira Infância: O impacto da crise climática”, realizado pelo Datafolha e a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.
Entre os riscos citados, o maior está nos problemas de saúde. Sete em cada dez entrevistados acreditam que as mudanças climáticas afetará diretamente a saúde infantil, com destaque para as doenças respiratórias. Outros 39% preveem um risco maior de desastres, como enchentes, queimadas e secas; e 32% apontam para uma maior dificuldade de acesso à água limpa e comida.
“As crianças na primeira infância são as menos culpadas pela emergência climática e, ainda assim, é o público mais afetados. Essa injustiça exige que cada medida tomada considere a vulnerabilidade de quem depende da proteção dos adultos”, afirma Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.
O que diz a ciência
A percepção da população vai de encontro ao que a ciência diz sobre esse assunto. Dados recentes divulgados pelo Núcleo Ciência pela Infância (NCPI) revelam
que crianças nascidas hoje enfrentarão 6,8 vezes mais ondas de calor do que seus avós, ao longo da vida. Em 2024, a Sociedade Brasileira de Pediatria também trouxe um um alerta de que o impacto das mudanças climáticas na saúde já é uma realidade. Segundo a entidade, doenças ligadas à poluição do ar já provocam cerca de 465 mortes por dia de crianças menores de 5 anos.
Para a CEO da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, é preciso investir em políticas públicas de mitigação destes efeitos, como fortalecer a atenção primária à saúde, modernizar o saneamento básico, priorizar reassentamento digno para famílias afetadas por eventos climáticos e instalar zonas climatizadas em creches e escolas, por exemplo, já que bairros densos podem ser até 5°C mais quentes e muitas escolas não possuem áreas verdes.
“A proteção à criança, desde a primeira infância, precisa entrar na agenda climática. Já não podemos mais falar desses assuntos de forma separada. É urgente que as políticas públicas sejam construídas levando em consideração todos os impactos aos quais esse grupo está exposto. Não dá mais para esperar. É responsabilidade de todos garantir que bebês e crianças pequenas tenham prioridade absoluta — em saúde, educação e proteção — diante da crise que já atinge suas vidas”, finaliza Luz.
O Panorama da Primeira Infância mostra, ainda, que 15% acreditam que as mudanças climáticas estimularão maior consciência ambiental nas novas gerações e apenas 6% confiam que a sociedade encontrará soluções para reduzir os danos.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br