O MBI (Conselho de Investigação) da Marinha da Guarda Costeira dos Estados Unido, encarregado de examinar a implosão do submersível Titan em junho de 2023, divulgou nesta terça-feira (5) um relatório de 300 páginas — com o presidente do conselho, Jason Neubauer, afirmando que as mortes das cinco pessoas a bordo eram “evitáveis”.
“A investigação de dois anos identificou múltiplos fatores contribuintes que levaram a esta tragédia, fornecendo lições valiosas para evitar uma ocorrência futura”, disse Neubauer, presidente do MBI, em um comunicado.
O documento atribui a responsabilidade pela implosão do submersível, em grande parte, à OceanGate, empresa sediada em Washington que operava o Titan.
O conselho concluiu que os “principais fatores contribuintes” para a implosão foram o “processo inadequado de projeto, certificação, manutenção e inspeção do Titan” da empresa, apontando também para a “cultura tóxica no local de trabalho”.
Saiba as principais causas:
- Processos de projeto e teste inadequados
- Nenhuma análise significativa sobre o ciclo de vida do casco de fibra de carbono
- Dependência excessiva de um “sistema de monitoramento em tempo real” que utilizava sensores e medidores para avaliar as condições do casco
- Continuação do uso do casco após incidentes anteriores
- Projeto e construção do casco
- Falha na investigação do casco após danos significativos em mergulhos anteriores
- Armazenamento do submersível ao ar livre no Canadá durante o inverno, expondo o casco a flutuações extremas de temperatura
Responsabilidade da Ocean Gate segundo Relatório
As autoridades também identificaram evidências de um possível crime, em particular por Má Conduta ou Negligência de Oficiais do Navio, e teria recomendado que o assunto fosse encaminhado ao Departamento de Justiça dos EUA caso o CEO da OceanGate, Stockton Rush, tivesse sobrevivido.
“O MBI concluiu que o Sr. Rush, em sua dupla função como CEO e como Comandante ou Piloto interino do submersível TITAN, demonstrou negligência que contribuiu para a morte de quatro pessoas”, afirma o relatório.
Os investigadores, afirmam que a empresa trabalhou por vários anos antes do acidente para contornar os reguladores, evitando a revisão por terceiros que poderia ter evitado o que o relatório de terça-feira chama de “evento catastrófico”.
“Por vários anos antes do acidente, a OceanGate utilizou táticas de intimidação, concessões para operações científicas e a reputação favorável da empresa para escapar do escrutínio regulatório”, afirma o relatório. “Ao criar e explorar estrategicamente a confusão regulatória e os desafios de supervisão, a OceanGate conseguiu, em última análise, operar o TITAN completamente fora dos protocolos estabelecidos para águas profundas, que historicamente contribuíram para um forte histórico de segurança para submersíveis comerciais.”
“A falta de supervisão por terceiros e de funcionários experientes da OceanGate durante as operações do TITAN em 2023” permitiu que o CEO Stockton Rush “ignorasse completamente inspeções vitais, análises de dados e procedimentos de manutenção preventiva, culminando em um evento catastrófico”.
Resposta da empresa
Após a divulgação do relatório do Conselho de Investigação Marítima da Guarda Costeira dos EUA, um porta-voz da OceanGate prestou condolências às famílias das vítimas da implosão do submarino Titan.
“Reiteramos nossas mais profundas condolências às famílias daqueles que faleceram em 18 de junho de 2023 e a todos os afetados pela tragédia”, disse o porta-voz. “Após a tragédia, a empresa encerrou definitivamente suas operações e direcionou seus recursos integralmente para cooperar com a investigação da Guarda Costeira até sua conclusão.”
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br