A população com 50 anos ou mais é crescente no mundo, e já representa uma parcela significativa da força de trabalho global.
No Brasil isso não é diferente, o que faz do potencial produtivo e de consumo dessa população o principal motor da chamada “economia prateada”, fenômeno que já é observado de perto por diversas empresas e pretende desenvolver bens e serviços pensados especificamente para os consumidores 50+.
Esse conceito tem ganhado cada vez mais relevância diante do envelhecimento populacional, e ganha ainda mais importância diante da ampliação do potencial econômico da “geração prateada”, cuja necessidade de requalificação, produtividade e consumo mobiliza economias e também organizações privadas.
De acordo com um levantamento do núcleo de pesquisa Data8, essa parcela da população movimenta atualmente R$ 1,8 trilhão, representando 24% do PIB (Produto Interno Bruto). Nos próximos 20 anos, esse percentual deve saltar para 35%, ou R$ 3,8 trilhões.
É também nesse cenário que o empreendedorismo tem se tornado uma alternativa viável para aqueles que desejam se manter economicamente ativos diante da necessidade produtiva e da jornada prolongada no mercado de trabalho.
Dicas para empreender após os 50 anos
Para guiar a jornada empreendedora de pessoas acima dos 50 anos, Surama Jurdi, mentora, empresária e especialista em educação empresarial internacional, recomenda uma atenção especial ao propósito.
“Nessa fase, o que passa a ter mais peso é o significado. Muitos profissionais chegam a esse momento da vida com uma bagagem riquíssima — conhecimento, conquistas e uma experiência de vida valiosa — e começam a desejar usar tudo isso de uma forma mais alinhada aos seus valores e propósito de vida”, afirma.
“Empreender com propósito é unir o que você ama fazer com aquilo em que é realmente bom e que o mundo precisa. Quando esses três elementos se encontram, nasce um negócio autêntico, coerente com seus valores e capaz de gerar resultados sustentáveis”, defende.
Abaixo, outras dicas da especialista para quem deseja começar a empreender após os 50 anos de idade.
1) Atenção às novas tecnologias e gerações
A especialista também destaca a visão de longo prazo e a atenção às novas tecnologias e tendências como ações indispensáveis para tornar o negócio (e a jornada empreendedora) bem-sucedidos.
“Um outro fator decisivo é manter a mentalidade jovem, entender como eles pensam, o que consomem e como se comportam. Aprendendo a lidar com diferentes faixas etárias, respeitando suas visões e aproveitando o melhor de cada uma, afinal, na verdade, a idade é apenas um número”, diz.
Essa é a lógica seguida por Juliana Cruz, franqueada da startup de minimercados autônomos Minha Quitandinha, em São José dos Campos (SP). Aos 50 anos, ela decidiu abandonar a docência na universidade e empreender em busca de mais autonomia e tempo para dedicar-se aos filhos.
“Mesmo após os 50 anos, não podemos ter medo da tecnologia. Pelo contrário, ela é hoje uma das nossas maiores aliadas. É essencial planejar com cuidado o caminho que se deseja seguir, valorizar o próprio tempo e trabalhar com inteligência, não apenas com intensidade”, conta.
2) Firmeza nas decisões de negócio
Por se tratar de uma decisão motivada, muitas vezes, pelo desejo de mudança, o empreendedorismo após os 50 anos pode ser uma jornada solitária, sem a companhia de sócios ou investidores iniciais para além do fundador do negócio.
Por essa razão, Sumara destaca a importância de manter a solidez em cada decisão tomada, principalmente se ela for feita de maneira individual.
“Tomar decisões importantes sem ter com quem dividir esse peso exige equilíbrio e maturidade. Você decide, assume as consequências e segue em frente”, afirma.
Longe de ser algo totalmente negativo, defende, a realidade reafirma a necessidade por um planejamento bem estruturado, com metas claras e visão de longo prazo.
3) Faça muitas pesquisas
Heleny Lins Costa Jatobá, 61 anos, decidiu empreender há pouco. Aos 56, abriu um negócio próprio, uma unidade do Grupo HSH, rede de delivery especializada em culinária asiática e havaiana, em Maceió (AL).
Apesar da experiência prévia no comércio, ela enfrentou desafios como a falta de experiência na área de gastronomia e a dificuldade em encontrar funcionários qualificados. Para superar essas barreiras, investiu em cursos e buscou capacitações e suporte de entidades de apoio ao empreendedorismo.
“Nunca é tarde para começar. A experiência e a paixão pelo trabalho são fundamentais para o sucesso, assim como buscar qualificação profissional, mesmo com a idade avançada”, diz.
A história da empreendedora vai de encontro a uma das recomendações de Sumara: o investimento em capacitação, pesquisas densas de mercado e a busca por cursos complementares de administração e outras habilidades gerenciais.
“Também é crucial se conectar a área de atuação, mesmo sem dominar sobre o setor, aproxime-se de pessoas que entenda do assunto, estude e invista em cursos, assim reduz erros e acelerar os resultados”, indica.
4) Busque apoio de uma boa equipe
Empreendedores mais maduros devem ter a clareza de que equipes multidisciplinares são fundamentais para o sucesso de um negócio. A variedade de habilidades, conhecimentos e pontos de vista agregam valor e ajudam empresários a ganhar velocidade e expertise em áreas que não necessariamente dominam.
“Uma equipe forte traz velocidade e consistência aos resultados, e é isso que os empreendedores mais maduros já entenderam. Quando propósito, experiência e uma boa equipe se unem, o sucesso deixa de ser uma possibilidade e passa a ser uma consequência natural”, diz Sumara.
5) Mantenha e mentalidade inovadora
Para a especialista, é essencial manter o que chama de “mindset empreendedor”: a mentalidade inovadora, com curiosidade e disposição para acompanhar tendências, mudar processos e implementar novas ideias ao negócio constantemente.
“O que vale é a energia e a disposição para se reinventar. Manter a cabeça jovem, curiosa e aberta ao novo”.
Por Maria Clara Dias
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br


















